O motorista de aplicativo, George Edilton Dantas Gomes, de 40 anos, que deu fuga para a dupla que matou os adolescentes de 13 anos, Silas Ortiz e Aysla Caroline, no Jardim das Hortências, em Campo Grande, tem uma extensa ficha criminal e denúncia do MPMS (Ministério Público Estadual).

George tem várias passagens por violência doméstica, além de ameaça e divulgação de cena de estupro ou pornografia. Ele foi denunciado pelo Ministério Público em agosto de 2022, depois de divulgar fotos e vídeos nuas da ex-mulher, no dia 7 de outubro de 2019. 

O motorista de aplicativo é acusado de enviar a ex-mulher e a mãe dela fotos e vídeos da vítima nuas, além de mandar mensagens descumprindo as medidas que a mulher tinha contra ele. George conhecia Nicollas e João Vitor de longa data, segundo as apurações feitas pela polícia.

Nicollas e João receberam a missão de matar Pedro Henrique Silva Rodrigues, 19 anos, que seria o ‘correria’ do grupo rival na guerra do tráfico de drogas, na região, que teria como um dos chefes o detento Kleverton Bibiano Apolinário, conhecido como ‘Pato Donald’. De dentro da penitenciária, Kleverton acompanhava praticamente em tempo real o que estava acontecendo.

Mas, a empreitada criminosa acabou na morte dos adolescentes e o alvo da dupla ficou, apenas ferido. A dupla estava em uma motocicleta que esconderam o veículo, logo depois, na casa de Rafael Mendes de Souza, conhecido como ‘Jacaré’ que também foi preso. George deu a fuga para Nicollas e João Vitor. 

Contrainteligência dentro da Máxima

Com acesso à comunicação garantida, os detentos do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande mantêm verdadeiro ‘serviço de contrainteligência’ para monitorar em tempo real investigações em andamento e orientar comparsas do lado de fora.

É o que mostram mensagens flagradas durante a busca pelos traficantes que executaram por engano duas crianças de 13 anos de idade no bairro Jardim das Hortênsias, em Campo Grande, no último dia 3.

No flagrante, o preso Kleverton Bibiano Apolinário, custodiado pela Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária), e conhecido como ‘Pato Donald’, usa smartphone e aplicativos de comunicação instantânea nos aposentos da Máxima.

Nas mensagens, o detento orienta Nicollas Inácio Souza da Silva sobre como ‘escapar’ de ser preso pelo crime. ‘Pato Donald’ é apontado como um dos chefes do narcotráfico na região das Moreninhas, e estaria expandido as atividades para os bairros Aero Rancho e Jardim das Hortênsias.

Assim, como ‘dano colateral’ da disputa por território, mandou Nicollas matar outro traficante por dívida de droga. Foi quando os adolescentes Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz, ambos de 13 anos, foram assassinados sem ter nada a ver com o rolo dos bandidos.

Comando no tráfico nos ‘aposentos’ da Máxima

Kleverton está encarcerado no Presídio de Segurança Máxima e, de dentro da penitenciária, mantinha conversas com o grupo que gerencia seus negócios ilícitos fora da unidade da Agepen. Ele usava o codinome de Enzo no WhatsApp para a troca de mensagens. Nicollas era o ‘moleque’ de Kleverton a quem ele confiava os seus ‘corres’ no comércio de drogas.

Na troca de mensagens rastreadas pelos policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) foi descoberto que logo depois do crime, ‘Pato Donald’ manda mensagem para Nicollas.

“Mina, vamos mocar essa arma. Vou mandar recolher ela de você. Tira de perto de você”, orienta uma das mensagens de ‘Pato Donald’.

Na mensagem enviada por Nicollas ao detento dizia: “Aqui ninguém vem, para casa que não vou. No cel do Jacaré tem o número da minha casa e eles podem ir lá”, falava.

As mensagens ainda traziam tratativas de como Nicollas poderia fugir para não ser preso pelo crime.

“Vou mandar dinheiro, fica de boa, eu coloquei você nessa. Você é meu filho”, dizia ‘Pato Donald’ a Nicollas. O ‘moleque’ era tratado como filho por Kleverton, que havia confiado seus negócios ilícitos nas ruas da Capital.